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De nós não restará mais do que

pó e poesia 

Armoral

 

Aqui, agora
o tempo demora.
Meu amor é confeito
de sal e de amora.

Sete vezes seta

 

A causa essencial de um arco teso
pode ser a liberdade de uma seta.

Amanhã

 

Levanto-me de joelhos.
A manhã explode em granadas de luz
colhidas no colo de uma romã.

Santo Amaro

 

Capte-o!
Vertedouro de águas profundas,
consuma-o!

 

O fim de todas as lágrimas é sempre o mar.
Amar
Às vezes o encontro amaro.
Amar santo,
Santo Amaro,
amassas e conformas o barro essencial

desse jarro santo!

Desvenda

 

Querida: luneta é para a lua.
Perneta para as pernas.
Veneta para ver a delicada vênus desnuda.

Luz

Oh luz que aprisiona e envolve

jogo de sedução e atração.

Liberdade sublime e gozo inefável

minha completa rendição.

Simpatia é compaixão.

Silêncio

A pergunta busca reexistir na resposta.
Por que temos tantas respostas e
escasseiam as perguntas?

 

Não me responda o que não posso perguntar!
Não corresponda com o silêncio.

 

Sejamos desiguais nas angústias.

 

Sem perguntas.

 

Nem respostas.

Nada

A chuva deita delicadamente seus cristais na relva.
O movimento das estrelas revolve o átrio de rubis.
Eis o tesouro secreto!

Na sala de pedra carmim, à esquerda,

sempre à espreita,

se acha o desideratum;
à direita,

rumora

o senhor marmóreo.

 

Acima trovejam as rochas do pensamento,
abaixo crepitam as chamas de grandes fornalhas.
No meu centro,

infinito,

em silêncio

absoluto,
reside
o
nada.

Resposta a EP

Um rio, não ria.
Os rios não se emasculam pelo gênero.
Há os que correm com a delicadeza

de uma Anna Livia Plurabelle.

Ermitânio Prado:
Uma ribeira, doce Cristine, uma ribeira

é o que lhe falta.
Um braço frágil do mar.
Não ria,
não é um rio.

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